Você já se perguntou como os pilotos de avião sabem qual caminho percorrer para chegar ao seu destino, se no céu não tem estradas? E se disséssemos a você que essas estradas existem sim, apenas não conseguimos enxergá-las? São as aerovias que, no Brasil, são estabelecidas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).
A tecnologia aeronáutica cada vez mais avançada, somada ao Controle de Tráfego Aéreo, torna o transporte aéreo o mais seguro de todos.
Mas afinal, como funciona o tráfego aéreo? Como são determinadas as aerovias para que os milhares de aviões façam a sua trajetória com segurança? É sobre isso que falaremos por aqui. Confira!
O que são aerovias?
As aerovias são as rodovias do céu, que são corredores virtuais — espaços com altitude e trajetória delimitadas — por onde os aviões devem seguir seu rumo. Assim, essas estradas só são visualizadas por meio de equipamentos de rádio e geolocalização. Ou seja, uma aeronave não voa para lá e para cá de forma aleatória; ela se desloca de um ponto a outro mantendo-se dentro das aerovias, o tempo todo.
As aerovias podem ser empregadas por várias aeronaves ao mesmo tempo, e a segurança é garantida por uma separação vertical entre os aviões. Essa separação é proporcionada pelo conceito de nível de voo: cada nível de voo corresponde a uma determinada altitude, e aviões que usam uma mesma aerovia utilizam níveis de voo diferentes. A distância mínima entre dois níveis de voo é de 1.000 pés (305 metros), podendo ser de 2.000 pés (610 metros) em alguns casos.
Vale também dizer que existem aerovias de mão única e de mão dupla. No caso de aerovias de mão dupla, a regulamentação determina que os aviões empreguem níveis de voo pares ou ímpares dependendo de sua direção. Essa regra, chamada regra hemisférica ou semicircular, confere ainda mais segurança ao impedir que duas aeronaves voando em sentido oposto estejam no mesmo nível de voo, garantindo assim a altitude mínima de separação entre elas.
Quais são os tipos de aerovia?
Existem dois tipos de aerovia:
- Aerovias Superiores: os voos ocorrem acima dos 24.500 pés (7.458 metros). Essas são as aerovias mais utilizadas pelos aviões a jato;
- Aerovias Inferiores: são as aerovias que ficam até 24.500 pés, que são utilizadas principalmente por aviões a hélice e por helicópteros em alguns casos.
As Aerovias Superiores são vantajosas por uma série de razões. Como nessas altitudes o ar é menos denso, os aviões cruzam distâncias em maior velocidade e em menor tempo, o que otimiza o consumo de combustível.
Além disso, os voos nesse tipo de aerovia ocorrem acima das nuvens, o que os torna menos suscetíveis a condições atmosféricas adversas. Sabe o que isso significa? Menos turbulências e um voo mais confortável para você. Vale destacar que as turbulências não oferecem nenhum risco de segurança para as aeronaves, mas a sua ausência proporciona um voo mais tranquilo, não é mesmo?
Aerovias Inferiores, na maioria das vezes, são utilizadas para voos curtos. Essas aerovias também são utilizadas por aviões que não dispõem dos recursos necessários para voar em altas altitudes; é o caso de pequenos aviões particulares, por exemplo. Geralmente, essas aeronaves voam a uma velocidade mais lenta.
Como as aerovias são criadas?
No Brasil, quem faz a gestão do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), uma entidade militar pertencente ao Comando da Aeronáutica, órgão ligado ao Ministério da Defesa. Radares potentes e um arsenal tecnológico permitem a manutenção desse sistema e a sua segurança.
As aerovias são desenhadas por meio de auxílios de radar, que são antenas espalhadas pelo território, assim como por pontos imaginários determinados por GPS, que são chamados de waypoints. Dessa forma, para ficar dentro da aerovia, os pilotos precisam seguir as coordenadas indicadas, o que é feito graças à tecnologia embarcada na aeronave.
As aerovias e demais informações necessárias para a navegação aérea são materializadas por cartas aeronáuticas, elaboradas pelo órgão competente, que são chamadas Cartas de Rota.
Como é feito o controle das aeronaves nas aerovias?
O Controle de Tráfego Aéreo coordena as aeronaves e auxilia os pilotos, garantido a segurança de voo e o espaçamento entre os aviões. Ele também é responsável por conceder autorizações aos pilotos, por exemplo para entrar em uma aerovia, mudar de nível de voo (altitude) ou se aproximar de um aeroporto.
Para que todo esse controle ocorra de forma eficiente, o DECEA gerencia quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA), localizados em pontos estratégicos do país, e que controlam uma determinada região. O objetivo desses centros é facilitar o controle ao dividir o país em várias áreas.
Quando as aeronaves das companhias aéreas estão se aproximando do aeroporto de destino, elas saem das aerovias e passam a receber o serviço de aproximação, prestado para orientar os pilotos sobre os procedimentos para ingressar no espaço aéreo ao redor do aeroporto. Na sequência, a Torre de Controle do aeroporto fica encarregada por coordenar o procedimento de pouso. Esses procedimentos também são auxiliadas por cartas aeronáuticas específicas, desta vez chamadas de Cartas de Área e Cartas de Aproximação.
Como é o padrão de navegação aérea no Brasil?
Na última década, o Brasil e outros países vêm implementando a Performance Based Navigation (PNB) ou Navegação Baseada em Performance. Nesse padrão, o controle do espaço aéreo é feito priorizando satélites e recursos digitais, em vez dos tradicionais sistemas de rádio, que têm uma tecnologia mais antiga. Esse tipo de navegação é utilizado em todas as Aerovias Superiores.
Esse novo recurso permitiu mais precisão e a criação de novas aerovias com trajetórias mais curtas, diretas e precisas; elas são chamadas de RNAV (sigla em inglês para Navegação por Área). Ou seja, toda vez que você for para um dos destinos nacionais ou internacionais, lembre-se de que os pilotos contam com aerovias modernas, proporcionando trajetos mais curtos e econômicos.
Muito bem, agora você já sabe o que são as aerovias, quais são os seus diversos tipos e como funciona o Controle de Tráfego Aéreo no Brasil! Tudo isso também permite reforçar a segurança e diminuir o seu tempo de voo para chegar ao tão desejado destino. E com todo esse conhecimento, suas próximas viagens serão ainda mais interessantes, concorda?
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