O aumento do estresse, o pós-Covid e uma alimentação nada balanceada têm causado cada vez mais queixas sobre queda de cabelo. O que podemos fazer?
por Paula Roschel | fotos Shutterstock

A queda de cabelo é algo natural. Os fios possuem fases, nascem, crescem e caem, dando lugar a um novo. “Todos os dias percebemos cabelos caindo, já que a média é que 50 a 100 deles se desprendam do couro cabeludo a cada 24 horas”, diz Jaqueline Pereira, tricologista no Instituto Marina Berti Yunes. Mas, desde o começo do período pandêmico, muitos foram os pacientes se queixando de uma queda muito superior a uma centena de fios por dia. E a Covid-19 tem a sua parcela de culpa: “No geral, infecções virais podem acelerar a fase de queda, chamada de telógena. Isso pode acontecer por causa de uma febre alta, de estresse, pelo uso de certos medicamentos e pela alta carga viral”, explica Jaqueline.
Além dos quadros virais, existem outros fatores muito comuns que aceleram a fase de queda capilar. Como as mudanças de estações do ano, principalmente após o verão, quando os fios passam por inúmeros desafios externos, como mergulhos no mar e alta exposição ao sol. A saúde dos fios também sofre com estresse, sono desregulado, má alimentação, com carência de vitaminas e minerais, e falta de higiene no couro cabeludo.
Outros fatores podem incluir alergias no couro cabeludo, uso inadequado de cosméticos, como leave-ins ou condicionadores na raiz, penteados muito apertados, que coloquem pressão no couro cabeludo, e traumas físicos. “Seja mais gentil com o cabelo enquanto o higieniza, escova e penteia. Desembarace-o delicadamente ao lavar, começando pelas pontas e subindo até próximo ao couro cabeludo, para evitar puxá-los”, diz Sandra Perondi, tricologista e diretora técnica da rede Mais Cabello.
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Queda x Quebra
Além da queda, existe um quadro tão prepocupante para quem ama mechas saudáveis: a quebra. Cabelos que passaram por muitos processos químicos e que são aquecidos em demasia (por chapinhas e modeladores de cachos) podem quebrar com maior facilidade devido a uma diminuição de sua massa, conteúdo que mantém as mechas com volume, brilho e toque macio. “Não é toda morena que consegue ficar loira. Alguns fios simplesmente não aguentam uma descoloração tão forte e quebram no meio do processo. O ideal é sempre conversar com um cabeleireiro de confiança para alinhar expectativa versus realidade. Muitas clientes que querem ter fios mais claros, mas não conseguem, acabam optando por apliques fixos ou de tic tac para se sentirem bem, porém sem acabar com a qualidade”, comenta Lucy Cossenzo, terapeuta capilar do ROM Concept.
Segundo a cabeleireira Janny Mota, outro erro comum que pode passar despercebido é aplicar o xampu nas pontas dos cabelos. “Isso pode ressecar os fios e causar nós difíceis de desembaraçar, facilitando a quebra. O ideal é espalhar o produto da raiz, onde é produzida a oleosidade natural do couro cabeludo, até metade do comprimento. A água corrente naturalmente levará o xampu até as pontas, o que já é suficiente. A lavagem deve ser iniciada pela frente da cabeça, na região da testa, e continuada para a parte de trás”, explica.
Cuidado também com suplementos que prometem aumentar o crescimento dos fios, diminuir a queda e até melhorar o brilho dos cabelos. A suplementação só é prescrita por um médico quando há carência de substâncias. Caso contrário, não trará benefícios. “Durante o puerpério, por exemplo, a mulher passa por muitas alterações hormonais, físicas e emocionais. Uma queixa constante nesse período é a queda de cabelo, que geralmente se inicia três meses após o parto. Tal quadro, chamado de alopecia pós-parto, é relativamente comum, atingindo de 40 a 50% das mulheres. Tomar suplementos vitamínicos e minerais, se recomendado pelo médico, pode ser um bom caminho”, diz Sandra Perondi.
Tratamentos
Além da mudança de hábitos e da suplementação, existem outros tratamentos que ajudam a diminuir, amenizar ou interromper quadros de queda dos cabelos além do normal:
Massagem: feita por profissional treinado, pode estimular a saúde do couro cabeludo e, consequentemente, dos fios. Melhora a circulação sanguínea local e o aporte de nutrientes, o que faz com que os cabelos “vivam” mais e melhor;
Fototerapia: também auxilia na circulação sanguínea no couro cabeludo, aumentando a nutrição local e, consequentemente, diminuindo quedas. Ela pode ser feita em consultório, mas também em casa _ por meio de bonés de LED indicados por um profissional da saúde;
Microagulhamento: “Melhora o fluxo sanguíneo e o aporte de nutrientes no couro cabeludo e induz novas células-tronco, que estimulam o crescimento dos fios”, diz Sandra.
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